2024 > 2023: ficção de que começa alguma coisa!
Um balanço afetivo e logístico de um ano com um milhão de filamentos.
Bom dia, assinante e colaborador do RelevO. Chegamos ao nosso último informe de 2023. Na circular de hoje, apenas um não tão breve – nem especialmente demasiado – recado.
1.
Edito um periódico que circula mensalmente há quase 14 anos – mais que um terço da minha vida. Um periódico impresso e de literatura: não preciso me alongar muito sobre o pressuposto de esta ser uma forma duvidosa de lidar com a presença e a contemporaneidade. Um jeito arredio que esconde, quem sabe, uma forma de preservar as memórias e de fugir da cultura do registro-pelo-registro. Pode não ser nada disso, e estou apenas a distribuir groselhas ou justificar uma continuidade tal qual um colecionador de coçadores de costas, DVDs ou cadeiras em miniatura.
A síntese é: temos uma relação sincronizada com o tempo. Entre os dias 20 e 24 de cada mês, selecionamos os textos da próxima edição. Todo dia 25, nos mantemos nos preparativos técnicos, aquilo que chamamos de fechamento editorial. Dia 26… Temos que estar com a gráfica em dia. Entre 27 e 29, o Jornal tem de ir para a impressão. No primeiro dia útil do mês, Correios.
Em 2023, apenas duas edições não respeitaram essa dinâmica: março e novembro (a última, por conta do feriado). As edições não são enviadas depois do dia 4 há mais de três anos.
Para que a nossa linha fina de atividades funcione, não podemos passar um dia útil sem arrecadar com assinantes e anunciantes. O RelevO nunca tirou férias no sentido estrito da palavra. Especializamo-nos em aprimorar etapas e nos tornamos obcecados por procedimentos. Em termos psicológicos, talvez sejamos um Jornal em mania. E os últimos 12 meses foram um desafio tremendo-tremendo para a nossa forma de articular o caos natural do mundo.
Tivemos prejuízo em sete dos 11 meses do ano – estamos no fechamento financeiro de dezembro ainda. Até hoje de manhã, ainda estamos R$ 2.100 no negativo, com 50% da gráfica para acertar. Também foi uma lida mental, na condição de publisher, por não retirar pro-labore em seis edições. Não remunerar a si mesmo, apesar de constituir uma solução fácil, é um caminho terrível de desprofissionalização, uma vez que obriga o infrator e a vítima (neste caso, a mesma pessoa) a fabricar outras horas de arrecadação. Isso nos empurra para fora do próprio projeto.
Em números mais diretos, o RelevO caiu de 1.020 assinantes em dezembro de 2022 para 910 a menos de 10 dias de 2024. Especulamos diversas justificativas ao longo do ano e acreditamos que não seja propriamente uma punição editorial. Temos produtos gratuitos, como a Enclave e a Latitudes, com shares muito bons, ao passo que os retornos de quem nos escreve ou segue nos assinando nos mobiliza para seguir fazendo o Jornal com os conteúdos de que gostamos.
Muitos dos assinantes que não renovaram conosco seguem consumindo nossas newsletters e até compartilhando esses materiais, o que nos leva a uma reflexão constante sobre o nosso modelo de negócio. Se fazemos conteúdos que interessam ao nosso público da base do Substack (aproximadamente 7 mil), mas não conseguimos assinaturas para o impresso – que paga nossas contas e os produtos editoriais que produzimos –, o que faremos se perdermos mais 100 assinantes em 2024?
Lógico que reconhecemos o RelevO como um periódico cabeça-dura: não arrecadamos dinheiro público; não vendemos espaço editorial; recusamos três propostas recentes do mercado de apostas on-line; temos um senso de humor estranho; não casamos assinatura com publicação de autor (aqui no gênero certo mesmo, pois 100% dos casos são homens)… Ainda assim, seguimos e conseguimos isso graças a uma base sólida de assinantes e anunciantes. Essa base segue nos apoiando, investindo, distribuindo e fazendo o Jornal atingir sua natureza essencial: chegar em leitores de literatura.
Antes dos votos de fim de ano e de boas festas, faço um último pedido: assine o RelevO. Antecipe a sua assinatura. Nos presenteie de Natal ou use-nos em um Inimigo Secreto. Gostamos muito do que fazemos e não nos sentimos à vontade com pedidos exacerbados de financiamento.
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Em “Ano Novo”, Fernando Pessoa destaca que “Nada começa: tudo continua. / Na fluida e incerta essência misteriosa / Da vida, flui em sombra a água nua”. Nós, do RelevO, desejamos um excelente fim de ano. Por novos dias auspiciosos, entre uma página e outra.
Até breve!