"E se Deus fosse um desajeitado como nós?"
Da existência pelo erro, de números mágicos, de "o que você faz com x reais?".
Olá, assinante e colaborador(a) do RelevO. No Informe Mensal de hoje, trazemos quatro recados curtos, mais diretos que varredura de caixa de spam.
1.
A edição de junho do RelevO foi para os Correios no dia 3, primeira segunda-feira do mês. Fazia um sol discreto em Curitiba, não ventava, o editor-entregador aproveitou para comprar ração para os pets na loja especializada ao lado — prenúncio de um mês com poucas reclamações em relação aos serviços prestados pela estatal.
Assim como goleiro, árbitro e revisor de texto, os Correios só são lembrados no erro. Em linhas gerais, o serviço estabilizou em 2023-2024, embora ainda persistam alguns casos emblemáticos, como entregas de três edições seguidas depois de dois meses de hiato ou do caso ainda mais curioso – da Banca Vera, livraria independente de Juiz de Fora. Após dois anos de envios regulares, o carteiro deu pra dizer que o malote não passa mais na caixinha. Mudamos o endereço de envio.
Caso a sua edição esteja atrasada ou tenha chegado em condições pouco adequadas, não deixe de nos avisar. Também aproveite para atualizar seu endereço quando necessário. Para os novos assinantes, na média, as entregas levam de cinco a sete dias úteis entre a confirmação do início do vínculo e o recebimento do primeiro malote. Monitoramos com atenção redobrada o primeiro envio em virtude de padrões binários que nos interessam: se chega uma vez, tem de chegar duas. Exceto quando a caixinha de correio aumenta emocionalmente de tamanho.
2.
Temos um número mágico: 100.
É o número de assinaturas necessárias por mês para que a Operação RelevO funcione sem prejuízos, entregando corretamente os exemplares a seus 1050 assinantes e mais de 450 pontos culturais espalhados pelo Brasil todo, de cafeterias a bibliotecas comunitárias. Em junho, contudo-entretanto-todavia, mal chegamos a 70 assinaturas, incluindo renovações, o que corresponde a aproximadamente R$ 3.000 de prejuízo a menos de uma semana do fim do mês.
De fato, temos um certo problema de captação aqui. Não somos um desses jornalões com um departamento de assinaturas com campanhas direcionadas, ofertando promoções, brindes, descontos de 70%, devotos da Black Friday, nem um desses veículos que te cadastram em newsletters regulares convidando-o para assinar, com títulos como “O que você faz com 10 reais? 🤔” ou “Vai ficar de fora dessa? 🤑”. Não vendemos notícias, tampouco aplicamos benefícios financeiramente inviáveis.
Também não temos um corpo de 40 colunistas, nem fornecemos acesso a debates por WhatsApp e Telegram para você se informar – ou simplesmente sentir que pertence a alguma coisa enquanto estiver distraído.
Na verdade, o que propomos, por R$ 70 ao ano (ano!), é justamente uma despressurização em relação a essa enxurrada de estímulos e convites para ser contemporâneo. Nosso viés é simples: uma boa palavra grudada na outra. Acreditamos na nossa curadoria de textos e na nossa transparência administrativa.
Isso não significa que somos alheios a cenário políticos, ambientais e macroeconômicos. Simplesmente pretendemos continuar pela via impressa, descobrindo novos autores e autoras, propondo algum humor de combate em um mundo que não quer mesmo que você pare de produzir nem para tomar um café e folhear umas páginas no domingo de manhã. Assine o RelevO!
3.
Agora somos parceiros da Seiva, um projeto muito animador concretizado na forma de editora e escola. Quem acompanha as invenções da Aleph e da Antofágica sabe do que estamos falando. Convidamos a conferir o site da Seiva, que contém seus cursos e livros, e a assinar a Aurora, newsletter diária gratuita.
Novidades em breve!
4.
Por fim, relembramos que a Latitudes, nossa newsletter mensal com concursos literários, editais e cursos de literatura, agora promove – a preços bem acessíveis – a divulgação de lançamentos de livros. A newsletter, sempre disparada na primeira semana de cada mês e editada pela jornalista Marina Pilato, é o nosso material com maior compartilhamento, impulsionado pela base de quase 9 mil assinantes do Substack – base que, inclusive, tem crescido na média de 10% ao mês. Se tiver interesse em divulgar seu livro, consulte-nos respondendo a este email.
Enfim, como também não somos uma igreja e não temos respostas boas, encerramos com as dúvidas de Joan Osborne: “E se Deus fosse um de nós? / Apenas um desajeitado como um de nós? / Apenas um estranho no ônibus? / Tentando fazer o seu caminho de casa? / Voltando para o céu sozinho”.
Também cantada pelo Tom Cruise doidão.
Em favor das letras impressas, resistamos! Tenho aprendido a lutar pacientemente como editor, autor e produtor cultural. Por vezes, atravessamos muitos lutos, por nos fazerem adiar projetos, enfrentar dívidas e laborar insanamente...
Se, porém, existe a Cauda Longa, e conquistamos o nosso nicho de resistência, onde o trabalho, o suor e a alegria de realizar nos incita a prosseguir, sobreviveremos e faremos história!
Continuem, continuem...