Everything, everything, everything
Literatura, música, literatura, música: minimalismos, transes, comunhões.
Bom dia, assinante e colaborador(a) do RelevO — e olá, novos assinantes e demais recentemente inscritos na nossa base do Substack.
Começamos a montar a edição de junho (metade do ano!). Na circular de hoje, temos três recados, do tuch-tuch à caixinha de correios.
1.
Em 1998, a MTV Brasil lançou um programa dedicado à música eletrônica chamado AMP, inspirado no programa homônimo da MTV norte-americana e com a base de videoclipes da MTV europeia. Foram cinco anos disruptivos em um tempo em que sequer existia essa definição. Era uma experiência centrífuga, alucinante, estraçalhadora que passava num horário ingrato: perto da meia-noite de sexta-feira, reprisando... no sábado de manhã. Ou seja: dava para assistir antes da balada ou chegando dela. Mas eu tinha 13 anos e o mais próximo que estava de loopings era jogar futsal duas vezes por dia e exagerar nas porções de abacate pré-treino.
Em um formato inovador para a época, a hora cheia não contava com apresentador e trazia dos clássicos da música eletrônica, como Kraftwerk e Depeche Mode, às novidades-tendências, como Daft Punk e Underworld – eu ainda não tinha visto Trainspotting. Arrisco dizer que foi o primeiro programa brasileiro a determinar escalas de cânone no gênero, junto – mas um pouco depois – do programa que a Rádio Transamérica passava em parceria com a casa noturna Ministry of Sound, de Londres, entre 2001 e 2002. Até hoje, tento encontrar um techno que citava o Bora Bora, de Ibiza (não de Torres-RS).
Sem vida comum fora de casa depois das 21h, eu aguardava com ansiedade a sexta-feira. Assim, tomando suco e estourando pipoca, vi pela primeira vez o clipe de ‘Dark and Long (Dark Train)’, do Underworld, ‘Macumba’, do M4J, e ‘Freak Station’, do Camilo Rocha, nomes que eu não fazia bem ideia de quem eram, mas que me hipnotizaram, em uma relação que busco até hoje repetir com a música, com a literatura, com o cinema de modo geral – um certo jeito de transcender pela repetição e pelo mínimo elegante, conectar-se com o outro pela linguagem não explicitamente dita, uma comunhão sem muitas palavras ou exageros. Igual ao amigo que te olha em sintonia no meio de uma música emocionante de um show e, bem, está tudo ali, não precisamos de um discurso.
Quando fundei o RelevO, em agosto de 2010, desejava que fôssemos um jornal de cultura, sobretudo de literatura, principalmente pela minha relação com a escrita. Eu escrevia crônicas, perfis, obituários (gastava a pena mesmo…). Ocupava espaço do Jornal – algo que, felizmente, fui abandonando com o tempo (ou com a maturidade). Por outro lado, ao longo desses quase 13 anos, sempre publicamos muitos textos que tinham relação com a música, de relatos de festivais a trechos de canções na contracapa, e nunca assumimos essa faceta como um de nossos norteadores editoriais. Não sei dizer o porquê e sentimos que este é o momento de nos entendermos melhor com o passado e o futuro, delimitar a intersecção entre música e literatura.
Recentemente, em abril, publicamos um especial de quatro páginas sobre o Skank escrito pela Marceli (
). A música faz parte do Jornal e queremos que isso aumente, quem sabe com duas páginas fixas, talvez num reencontro entre texto e ritmo, também pela ausência notória de cobertura musical um pouco menos... como podemos dizer... caça-clique. [Não podemos esquecer do nosso peculiar projeto, o sensacional Brazilliance, descontinuado – por ora.]Entre 19 e 21 de maio, o RelevO esteve credenciado para cobrir o C6 Fest, em São Paulo, mais especificamente no Parque Ibirapuera. Com atrações como Arlo Parks e Caetano Veloso, o editor estava realmente interessado em dois medalhões AMP: Kraftwerk e Underworld. Ambos os totens se apresentaram no sábado, um na sequência do outro, no palco externo, três horas das mais esperadas da vida. A expectativa era realmente imensa, quase como se o adolescente do fim dos anos 1990 quisesse saber próximo dos 40: ainda é possível se emocionar com aquilo que já ouvimos, no mínimo, uma vez por semana nos últimos 20 anos? Os nossos amores envelhecem ou se tornam clássicos luzentes de nós mesmos?
A Enclave e (principalmente) as centrais de junho trarão relatos mais amplos sobre essa experiência do C6 Fest, um misto de relembrança, crise estética e deslumbramento. O que sabemos: o RelevO dará cada vez mais espaço à cobertura musical, tanto nas redes sociais como no impresso. Você gostaria de cobrir festivais por meio do nosso periódico? Quer sugerir festivais que valham um relato literário-musical? Conte o que você acha das nossas aventuranças musicais.
Afinal, gostamos muito de música. Gostamos muito de ler e escrever (e de batata). E temos um jornal de papel.
2.
Conforme contamos em editoriais e circulares anteriores, estamos ampliando a nossa rede de distribuição em pontos culturais, de livrarias e sebos a cafeterias e espaços culturais que abram espaço para a distribuição gratuita de exemplares do RelevO – gratuita no sentido do consumidor final. Todos os pontos a quem enviamos exemplares são custeados pela nossa rede de colaboradores. Que tal nos indicar um espaço cultural na sua cidade para conversarmos e enviarmos o Jornal? É uma forma de expandirmos o nosso trabalho e ampliarmos a rede de leitores, apesar dos recentes prejuízos da expansão. Estamos no caminho certo.
Se você estiver em condições, que tal patrocinar uma assinatura de livraria, sebo ou cafeteria bacana da sua cidade? Você também pode antecipar a sua assinatura e, assim, direcionar seu investimento para os novos pontos. Basta clicar no botão abaixo ou escolher qualquer um dos meios listados em seguida.
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3.
A edição de maio foi aos Correios no dia 1º. Na média, os exemplares demoraram cinco dias a mais para chegar em muitas regiões, o que não conseguimos explicar e tentamos apenas administrar. Os novos assinantes sofrem mais nesse primeiro contato com a blurred line da estatal.
Se o seu exemplar está atrasado, você pode nos responder por aqui ou nas DMs das nossas redes sociais. Também pode seguir o mesmo procedimento se precisar alterar o endereço de entrega. Relembramos que quem quiser escrever, desabafar, sugerir ou reclamar pode chamar por aqui mesmo. Nas redes sociais, você pode nos encontrar no Facebook, no Twitter e no Instagram. Também tenho conta pessoal no Instagram.
Semana que vem, voltamos com a Enclave – que está penando para manter o sarrafo elevado pelo texto do Skank.
Music... Non stop.
Até mais!