Leads, LEDs, leitores
Da relação simples e assustadora entre conteúdo e monetização.
O Jornal RelevO, desde a sua fundação, em agosto de 2010, sempre desafiou a lógica de existir. Surgimos em uma época de queda brusca na circulação de impressos, sobretudo de notícias — os famosos jornalões. Ainda era legal ter o próprio blog. Começamos a vender assinaturas no começo de 2012, justamente quando os cadernos culturais começaram a desaparecer, em um processo irreversível de transformação de conteúdo em agenda. Logo que conseguimos estabelecer uma distribuição nacional consistente, ali por 2017, uma onda de aumento de custos quase nos levou à bancarrota — quinta, sexta, sétima quase-quebra? Nem precisamos nos alongar sobre a pandemia e seus efeitos, já em 2020.
Sobrevivemos a todas essas crises e procuramos sempre nos aprimorar, criando processos mais eficazes e políticas de redução de danos, com cenários e estratégias de sobrevivência no curto, médio e longo prazos. Se pensarmos em quatro cataclismos básicos, poderíamos dizer que sempre saímos do buraco por duas razões: conteúdo e comunidade.
Acreditamos mesmo que o RelevO seja um interessante jornal de papel e de literatura (nessa ordem — nunca seremos uma “revista digital”). De textos absurdos às páginas de humor, da curadoria da Enclave ao ombudsman e à prestação de contas, sem esquecer o espaço notório para a poesia e o conto – além da publicação de mais de 1.500 autoras e autores novos –, promovemos a 178 edições ininterruptas o nosso modo de ser em uma plataforma que nos permite arriscar, improvisar e materializar ideias e gostos.
O segundo ponto de apoio é o senso de comunidade. Temos leitores que nos acompanham desde o nosso surgimento, que sempre nos apoiaram financeiramente em momentos em que pensávamos não ser possível continuar na mesma frequência — dois ou três prejuízos mensais de R$ 3.000 são capazes de fechar um projeto longevo e dependente de assinantes como o RelevO.
Pois bem: estamos em um momento delicado. Depois de um mês de fevereiro em que o nosso Publique gerou uma onda viral que trouxe 40 novos assinantes e aumentou a nossa pasta Avaliar de 32 para 2.050 textos, março nos jogou na cara a dura realidade da lógica dos R$ 3.000: e agora, o que fazer com o prejuízo iminente a poucos dias de pagar a gráfica e imprimir a edição de abril?
Já dissemos em outras oportunidades que não somos herdeiros, não captamos dinheiro público e não pertencemos a nenhuma panela literária. Inclusive, somos progressivamente invisibilizados nas melhores rodas do circuito, o que muito nos orgulha — isso de ninguém poder nos dizer que foi publicado porque é filho de fulano, que conhece os fundos de sicrano. Para operar com regularidade, precisamos apenas de mais 100 assinantes por mês.
Ao migrarmos nossa operação para o Substack, aumentamos consideravelmente o nosso alcance. Se os assinantes anuais do impresso seguem na faixa dos 1.000, nossa base por aqui já se aproxima dos 8.500 inscritos, ou, como diz o setor de publicidade do Jornal – que obviamente não existe –, trata-se dos nossos leads, aqueles que podem vir a se tornar leitores do impresso.
Assim como os LEDs são mais eficazes que as lâmpadas, poderíamos pensar, por associação, que bastaria ao RelevO ser… 100% digital. No entanto, sabemos por diversos caminhos que o nosso calcanhar não é a existência no modo impresso, e sim a tentativa de custear alguns sonhos que ultrapassam as nossas pernas — e nos levam ao número mágico dessa lacuna de 100 assinaturas mensais.
Por que seguir mandando gratuitamente exemplares para mais de 200 livrarias e sebos espalhados pelo Brasil todo? Por que enviar malotes para mais de 250 bibliotecas comunitárias? Essas são perguntas fáceis de responder: acreditamos que quem pode pagar auxilia quem não pode, e assim o jornal circula e consegue leitores. Esta é a nossa real operação.
Se você acha que o nosso modo de estar no mundo faz sentido, assine o RelevO. Presenteie, antecipe a sua assinatura, patrocine uma livraria ou biblioteca da sua cidade. Assim, tal qual um Brancaleone, persistiremos nos erros de existir e na busca por bons textos desconhecidos.
Você pode contribuir conosco pelos caminhos habituais:
PIX
Chave: contato@jornalrelevo.com
Banco do Brasil
Daniel Augusto Zanella
Agência: 1467-2
Conta Corrente: 50146-8
CPF: 054.104.929-19
Nubank
Daniel Zanella
Banco: 260
Agência: 0001
Conta: 45407730-8
CPF: 054104929-19
Também aceitamos MercadoPago, PayPal, Wise e PagBank, portanto praticamente qualquer canal por onde os pagamentos passam.
Muito obrigado por nos acompanhar.
Seguimos, seguimos.
Longa vida ao RelevO! Estou na torcida para que os novos assinantes apareçam. Já assinei há poucos dias.
Importante que a literatura "em papel", "impressa", reocupe os seus espaços.
Antes, sendo apenas leitora do Relevo gostava das transgressões, uma vez sendo transgressora, conjugo ainda mais o desejo de receber o jornal em.minhas mãos e olhos ansiosos.