O acessível Gatsby
"Temos a plena convicção de que nossas ideias enriquecerão ainda mais seu portfólio."
Nesta newsletter, resgatamos textos publicados no Jornal RelevO e já devidamente esquecidos. Dessa vez, trazemos as centrais da edição de março de 2020.
Bom dia!
Se você está recebendo um e-mail do RelevO pela primeira vez, explicamos: nas últimas semanas, tiramos todo o atraso da nossa caixa de entrada – coisa de anos mesmo. Algumas pessoas se surpreenderão com nosso pedido de publicação com dezenas de meses de atraso.
Lembrando que autores recusados podem nos reenviar material à vontade. Lembrando também que, basicamente, temos uma pessoa (o próprio editor do Jornal) para ler a caixa de entrada – o que, esporadicamente, acarreta esses anos de atraso. Nossas orientações constam onde sempre constaram: no nosso site.
Quem foi incluído no mailing e não quiser receber as comunicações, fique à vontade para se descadastrar agora mesmo: basta clicar no “unsubscribe” ali embaixo (vide imagem). Detestamos receber e-mails indevidamente e não queremos forçar ninguém a nos ler. Do contrário, não teríamos um jornal de papel em 2023.
Quem ficou curioso sobre nossas newsletters pode verificar nosso Substack, que hoje abriga todas elas. Todo o acervo está lá (até o da vida passada, isto é, de quando publicávamos via Mailchimp). Disparamos no máximo um e-mail por semana (às vezes, nem isso), alternando entre quatro categorias diferentes:
Enclave: intertextualidades sem grande critério. As três últimas tratam de uso de sample, apostas esportivas e Skank. Histórico aqui.
Latitudes: concursos literários, editais e cursos de literatura. A última delas contempla o período entre 5 de julho e 1º de agosto. Histórico aqui.
Informe mensal: nossa circular. Devaneios do editor à beira da impressão; status do Jornal; atualizações. Histórico aqui.
Do papel (esta aqui): textos extraídos diretamente das edições do RelevO. Por exemplo, nosso relato sobre o C6 Fest ou de “Quando profanamos o Guga”. Histórico aqui.
Dúvidas, sugestão e críticas, sintam-se bem-vindos a responder a este e-mail! Agora, te convidamos a relembrar nossas páginas centrais de março de 2020.
O acessível Gatsby
Sr. Schwarcz & Companhia das Letras,
Como o senhor e sua Companhia (rs) já devem saber, The Great Gatsby (F. Scott Fitzgerald, 1925) entrará em domínio público em 1.º de janeiro de 20211. Que oportunidade de ouro e(m) pó. Isso nos dá cerca de dez meses para imprimir um livro pronto: não podemos perder tempo! Tempo é dinheiro, meu velho!
Nós nunca conversamos, e acho que o senhor nunca encostou em um Jornal RelevO, o que já o torna uma pessoa mais elevada e agradável para termos ao nosso lado. Dessa forma, visando a conquistar sua atenção e seu respeito, elaboramos sugestões extremamente baratas de adaptações para que possamos transformar essa obra-prima em uma fonte inesgotável de dinheiro – se isso for o que senhor e o mercado (e a Penguin) quiserem. Temos a plena convicção de que nossas ideias enriquecerão ainda mais seu portfólio.
O GRANDE Gatsby
Comecemos por uma adaptação conservadora. Nela, o narrador Nick (1,72 m) acompanha as peripécias de Gatsby, seu vizinho de 2,14 m e 130 kg em sua saga para comprar bons calções em uma loja de departamento do Centro de Botucatu (não em Itu, pois não simpatizamos com o Juninho Paulista, que, trabalhando na CBF, descaradamente tem interesses cruzados com o Ituano, uma prática que sabemos que a Companhia das Letras não fomenta no mercado literário. Portanto, não queremos manchar a imagem da sua empresa).
O médio Gatsby
Nessa inversão de papéis (kkkk), Nick Carraway é um cheirador festeiro; e Gatsby, um funcionário público da Caixa Econômica Federal com um canal no YouTube. Incrédulo, Gatsby vê Nick engolir uma aranha viva no Folianópolis. Nick se transforma no Homem-Aranha; Gatsby é promovido para técnico em finanças integradas. O Dazaranha retorna com tudo no Folianópolis 2021: “Sou vagabundo, eu confesso/ da turma de Césio 171”.
O pequeno Gatsby
Hahaha, já imaginou, um anão?! Hahahaha. Ele fala “um whisky sour, por favor”, e o mordomo responde “não consigo te ouvir daqui de cima”. Mas aí a gente descobre que o mordomo realmente está num piso superior, porque a mansão do pequeno Gatsby continua enorme! Hahahaha. Pode virar reality show.
Glande Gatsby
A literatura erótica para senhoras que não transam já saiu de moda, e é por isso mesmo que vamos trazê-la de volta. Todo o mundo quer dar para o DiCaprio, até a gente, então basta escrevermos algo que remeta a ele – e que ele meta muito. Anal incluso de todos os envolvidos no processo de produção e possível primeiro Point of View do mercado literário.
Turma da Mônica em: Gatsbynho
Gatz, Nick, Daisy, Jordan e Tom chegam ao Bairro do Limoeiro! Nesta criativa história em quadrinhos, todos os estereótipos típicos da sociedade brasileira são revisitados de Norte a Sul. Na festa de dois anos de Gatz, o pai, chateado com a não presença dos amigos solteiros, insinua: “Berenice, um pouquinho de Jameson 10 anos na mamadeira vai fazer ele dormir rapidinho… Vem cá...”. Ilustrado por qualquer estudante de design chamado “Maurício de Souza”, com z, assim pagamos pouco e não corremos risco algum de processo.2
De férias com o ex: Daisy Buchanan
Tem coisa mais bad do que casar com um boy lixo? É o que vamos descobrir nesse romance folhetinesco que acompanha o confinamento entre Daisy, Tom e Gatsby numa praia topíssima da Bahia. Nick é o apresentador/narrador.
BAH!, Luhrmann: o Gatsby gaúcho
Neste romance inteiramente situado num CTG de Santa Maria, Gatsby, torcedor de Grêmio, rivaliza com o colorado Nick no Grenal 439. Outra opção nessa linha seria o guia turístico A Grande Guaporé, em que o casal Gatsbello e Deinizia apresenta todas as atrações gastronômicas do município, observando a cultura do Grenal pela perspectiva da riqueza multicultural – “mas mais a italiana mesmo” – desse Brasil gigante e imponente.3
Gengis Gatsby
Livro de contos narrado por Marco Polo, que viaja à Ásia e se encanta com as raves de Kublai Khan. Ao retornar à Europa, Marco Polo constrói sua própria boate: a Constantinoia, povoada de seres mitológicos conhecidos como Gnomos de Rave. Mas nosso europeu viajante morre de saudades do Império Mongol e do bate-estaca literal que rolava quando o Grande Khan se chateava com o momento lounge das festas. Vejo um Jabuti nadando sobre a mesa da sra. Lilia Schwarcz, hein.
A Grande Gatwech
Apenas um livro de fotos da Nyakim Gatwech retiradas do Shutterstock com trechos respeitosos de O Grande Gatsby.
Mansão Gatsby: a Porta dos Fundos
Nessa versão anarquista do Leblon escrita toda em forma de cordel carioquês, Gatsby é simplesmente Jesus, e a Santa Ceia é, na verdade, uma degustação hard de queijos e vinhos, com Judas reclamando do Queijo Canastra e sugerindo trazer umas convidadas para animar a festa... Sentiu o cheirinho de polêmica na lista dos mais vendidos? Podemos pagar o Porchat para pagar alguém para escrever um prefácio de 12 linhas. Vai vender como água tonificada, meu velho.
O Grande GatsBI
Um Gatsby longe da masculinidade tóxica, encarando o patriarcado de frente e reconhecendo seus privilégios como homem branco cis; um Nick que chora porque homem chora também, crente de que o binarismo só nos leva a uma sociedade opressora e machista. Cidade: Ibiza. Se o dólar não baixar, a adaptação cinematográfica pode ser em Jurerê Internacional.
Aguardamos um retorno veloz: lembre-se, temos apenas dez meses.
Atenciosamente, Jornal RelevO
Neste meio-tempo, quantas editoras publicaram 1984 e/ou Revolução dos Bichos, hein?
Revendo agora, perdemos a chance de misturar a Turma da Mônica com o “Glande” Gatsby anterior. Uma piada desperdiçada.
“BAH!, Luhrmann” ainda é uma das piadas favoritas da redação do RelevO, o que atesta o nível do Jornal. A outra escolha óbvia do editor seria “Dj Marlboro apresenta ‘Águas de maço’”, do “Acústicos RelevO: grandes encontros para ideias medianas ou o contrário”. VEJA TAMBÉM: o diretor gaúcho Lars Von Tri.